quinta-feira, 31 de julho de 2008

Eu vou rir por último - ou crônicas de um banguela


Sabe aquela máxima que diz que quem ri por ultimo ri melhor? Eu nunca desejei tanto que ela fosse verdade. Eu, sem dúvida, vou ser o ultimo a rir. E eu entendi a piada, quer dizer, percebi que pra vocês pode ser uma piada, pra mim não tem a menor graça. Falem o que quiser, não há nada de engraçado em ficar banguelo do dente da frente, porra!


E aí? Já pararam de rir da desgraça alheia? Eu entendo... Imaginar o babaca aqui com cara de Seu Creyson não tem preço, NE? Vai, manda pra promoção da Mastercard. Quem saber você não ganha um prêmio.

Cerca de 24 anos atrás, minha querida irmã, num ato comum as crianças (crianças como nosso querido Damien), me empurrou numa piscina vazia. Devido ao peso de minha cabeça eu fui lançado de cara. Dente partido. Se tiverem a oportunidade de ver alguma foto minha daqueles dias vão entender meu desespero. As chances de pegar mulher na adolescência, que já pareciam distantes, tinham ficado completamente impossíveis com um dente da frente pela metade. “Ah, mas agora você vai ficar bem melhor fantasiado para o São João” disse a meliante sangue do meu sangue, querendo diminuir a sua responsabilidade pela agora eterna virgindade do irmão.

E Eden foi ao dentista, superando um trauma (meu primeiro dentista, escolhido por minha vó, era um tenente da aeronáutica que fazia um precinho especial e realizava seus fetiches sádicos odontológicos em pobres crianças netos de vós econômicas. Está doendo? EShThÁ! Agüente firme, SEU BIZONHO! Deixe de ser MARICAS!). Graças a Deus a nova dentista tinha mãos de fada e fez meu primeiro canal quando eu tinha 8 anos. Eu senti aquela lima cavucando o interior de meu cérebro, mas senti com todo carinho do mundo. Ganhei meu pirulito no fim do canal (naquele tempo ela já dominava a técnica de fidelização do cliente, garantindo física e psicologicamente minha volta no futuro). Estava tudo bem até eu olhar no espelho. Eu havia me tornado o mandíbula!

Um anel de platina havia sido colocado no meu dente da frente. Nada de sorriso pra você, Eden. Abrir a boca significava ofuscar alguém, sair em fotos só de boca fechada, sob risco de refletir o flash. Pelo menos nessa época deixei de ser chamado de cabeção. As crianças passaram a ter apelidos ainda mais maldosos para mim. Tonhão dente de lata, mandíbula, boca de metal, Zé do bicho e alguns outros que, desculpem minha sensibilidade, mas prefiro não lembrar. Mas aquilo não demorou tanto e a platina foi retirada e eu podia sorrir novamente, ao menos pelos próximos 24 anos.

Pouco tempo atrás sofri uma fratura no dente da frente, Existem várias versões sobre o fato. A heróica diz que foi num soco que levei enquanto salvava uma senhora de ser assaltada por ladrões. A sexual diz que foi praticando incansável sexo oral em 16 garotas da playboy. Ao mesmo tempo. A gay diz que foi pagando um boquete num marinheiro violento. O fato é que, uma vez fraturado, ele teria de ser substituído. Devido ao meu trauma passei uns 4 meses com esse dente bambo na boca. Não podia sorrir porque qualquer um percebia claramente que ele estava caindo, maior que o outro. Teve uma hora que tive de superar meu medo. Lá vamos nós de novo.

O dentista tira o dente, sangue pra todo lado, serra, limpa, coloca no lugar e fixa, colando-o nos dois do lado. “É só um paliativo enquanto tua gengiva cicatriza e seguimos o processo de implante. Lembre, não morda nada com esse dente da frente, nada”. Ah, a satisfação de poder sorrir novamente. Nesse dia sorri pra todo mundo. Sorri pro cachorro na rua, sorrio pro mendigo que me pediu dinheiro e sorri pro cara que levou meu relógio. Eu queria era sorrir. Olha, mundo, meu dente não está mais bambo. Realização total. Até a manhã do outro dia.

Devido a minha dieta tenho comido muita, muita fruta. Ao acordar comi uma tangerina e, em seguida, dei início ao processo de desaparecimento de uma pinha. Crack. Ops. O dente soltou. Se antes ele ficava bambo, ainda tinha uma raiz mesmo que estivesse fraturada, agora ele ficava SOLTO. Desespero total. Se essa merda cair vão me ver banguelo, cacete. E se eu engolir? Vou largar um crioulo, olhar pra ele e ele vai olhar pra mim de volta... why so serious? Não, nunca. Fazer um tolete com a cara do sargento Tainha ou do Chico Bento não estava nos meus planos. Pego a agenda e vou desmarcando todos os compromissos do dia. Agora o negócio era a operação “morte a Seu Creyson”. Findo o processo, via e-mail, não podia falar para aquela merda não cair de vez, pergunto a mim mesmo... E agora, quem poderá me ajudar?

- Alheshandhro?
- Quem é?
- Shou eu...
- Oxe cabeça, que voz é essa?
- Mheu dhenthe caiu.

Pausa para os 4 minutos de risadas...

- uhauhauhahuhahuahau... Seu Crayson (eu sabia...) auahuahauhuahauuha
- Chanshou?
- Quase, pera... uhauhahuauahuahuauhhauahuhauhaua. Pronto.
- Bhorha comhigho caxar o denthistha....

A bem da verdade o dente ainda estava ali, meio justo entre os dos lados. Paramos no Shopping, rapidamente, e, enquanto esperávamos a fome bateu forte. Até então estava alimentado apenas por uma tangerina e já eram 14hs. Foda-se a dieta. Cheeseburguer do Mc. Morder nem pensar. Tiro pedaços com a mão e levo a boca, comendo como cachorro, com os dentes de trás. Crack. FODEU.

Alessandro roxo de rir. Eu morrendo de fome. O dente completamente solto. Me levanto.

- Vai onde?

Aponto o banheiro e aponto para o dente enquanto faço alguns ruídos animalescos com a boca.

- Ah, olha – Alessandro para pra respirar entre uma risada e outra – se for mexer cuidado pra o bichinho não descer pela pia.

Vai tomar no cu, Alessandro. Vamos direto pro dentista. Durante todo percurso tenho que tentar responder a centenas de perguntas que Alessandro sacanamente me fez, usando gestos e hum-runs. Filho da puta.

O dentista chegou, Alessandro entrou no consultório devidamente armado com seu celular pronto para registrar toda minha banguelisse. Muito estresse depois abro a boca. O dentista tira o maior sarro, dizendo que toda vez que isso acontece o paciente estava comendo banana, papa ou clara em neve. Milho, roer osso e rapadura nem pensar. Ainda tenho que ouvir isso. Meia hora depois, dente no lugar, volto a sorrir... Inclusive para Alessandro.

Hoje, acordo, peço um ovo. Um ovo mexido. Crack. Aqui estou eu, novamente, escrevendo enquanto espero pra ir pro dentista, segurando essa porra deste dente com a língua e respirando fundo pra não meter super bonder em tudo. Hoje de manhã ninguém vai me ver de boca aberta. Vou ou não ser o último a rir?

UPDATE:

Keli diz:
MEU DEUS

Keli diz:
Estou confusa.

Keli diz:
e nah eh pra ficar????????

Eden diz:
pq vc está assim?

Keli diz:
por causa do teu dente

Eden diz:
nao fique nao, eu sei q é engraçado mesmo

Keli diz:
nah eh Eden

Keli diz:
EU NAH ESTOU RINDO

Keli diz:
juro por Deus

Keli diz:
me coloco no teu lugar

Eden diz:
entao está perdendo uma boa oportunidade

Eden diz:
eu riria muito se pudesse

Eden diz:
se eu rir ele cai

Juro que eu riria.

3 comentários:

Anônimo disse...

O bom dessa hora é comer farofa e procurar as pessoas conversar pessoalmente hahahahahahahaha.

Anônimo disse...

Por muita sorte teu nome não tem R, nem F, nem S....

Marcel disse...

seu creysson sson sson