
Quando criei esta coluna estava disposto a falar sobre alguns dos
bizonhos que conheci durante meus quase 33 anos de vida. Quando comecei a relacionar os possíveis candidatos
Thiago Madureira apareceu como primeiro da lista. Ah, mas
Thiago é um fofo, dirão algumas. Meninas, acalmem-se. Quando chamo alguém de
bizonho apenas afirmo que o elemento em questão possui características únicas. Ou seja, trata-se de uma figura interessante do ponto de vista “
conteporaneocomediocultural”. Ah, e vocês podem achar o que quiserem mas
Thiago é um
OGRO.
O que dizer de um individuo cujo apelido mais conhecido é barata? Isso mesmo, barata. A origem do apelido já virou lenda urbana e só saberemos a verdade quando cruzarmos a ultima fronteira, lá nos livros de são Pedro, em um capitulo com uma tarja vermelha em cima dizendo “censurado”. Será que era pelo fato dele só se vestir de preto quando adolescente (é, meninas,
Thiago foi um dos
precusores do movimento
EMO)? Será que seria pelo fato dele não tomar banho por dias e dias e dias afins? Ou porque ele seria o único sobrevivente do holocausto nuclear? Quem souber... morre.
O fato é que conheci
Thiago ainda no colégio Santa Maria. Um
guri com cara de tapado que naquele tempo praticamente morava nos
fliperamas da cidade.
Thiago estava para
fliperama como delírio estava para festas. Não interessa em que
fliperama você fosse, ele estava lá. Ele é a prova viva de que deslocamento temporal é possível. Chato pra
caralho, enchia o saco atrás da última vida. “Ah, me dá a última vida aí, vai”, “
Poxa, tu ta quase morrendo, deixa eu terminar aí”. Olhando para a cara
remelenta e
pidona dele algumas vezes um desafortunado se
condoia do pobre viciado e cedia alguns pontos de vida. “Ah, três pontos de vida, ele morre logo eu boto outra ficha pra voltar a jogar”. Ilusão. O filho da
puta zerava o jogo com os três pontinhos de vida, você ficava com cara de bimba murcha, esperando meia hora para jogar e depois ainda tinha que o ver agradecer com um
sorrisinho sacana e ir pegar outro
otário. Naquele tempo ainda podíamos dar uns
cascudos nele.
Hoje está complicado.
Thiago tem a compleição física que o remete a uma figura memorável do universo
quadrinhistico (calma, Madureira, eu não vou cita o
Blob), trata-se tão somente da personificação moderna de
Obelix, um dos
destemidos e irredutivéis gauleses. Só que
Thiago não caiu no caldeirão de poção quando pequeno. Ele caiu em um caldeirão de
Chantinon B12 com
Engov. Isso vem protegendo o fígado de
Thiago dos constantes desafios que ele impõe ao coitado, em suas lutas homéricas conta os romanos,
ops, contra cervejas,
vodkas, whisky, rum,
malibu,
ki suco com pinga e
Cia. Quando se trata de cana podemos afirmar que ele é
eclético, que não tem nenhum tipo de preconceito. A queda no caldeirão o mantém vivo e bem até os dias de hoje. Por se tratar de um
highlander dos
barzinhos Thiago pôde, com muito treino, estudo e preparação, desenvolver habilidades únicas que o possibilitaram ganhar o mais alto titulo de pé redondo que existe: Pai
Mei de
Boteco. Uma honraria geralmente só concedida de forma póstuma. A falecidos por cirrose. Uma de suas habilidades o permite fazer desaparecer o sagrado líquido de um copo de cerveja americano num passe de mágica. Está lá. Não está mais. Quem souber pra onde foi... morre. Com esse truque (não chamo de mágica porque sou um
cético) ele embebeda os incautos e toma dinheiro dos
otários apostando quem vira um copo americano mais rápido – os meus 12 leitores você não engana mais, Barata.
Mas, algumas parcas vezes, nem todo
Chantinon e
Engov são suficientes. Quando a batalha é muito dura nosso herói algumas vezes sai abalado. Coitado dos
garçons. Estes pobres são obrigados a tentar colocar o
ogro pra fora enquanto ele, aos brados, exige tomar, por conta da casa, a
saideira, a
expulsadeira e todas as “eiras” que ele conseguir formular enquanto é empurrado pra fora do bar (D. Maria, se seu marido é
garçom e está chegando em casa as 10h da manhã dizendo que estava trabalhando... ele pode estar dizendo a verdade. Procure saber se
Thiago Barata está
freqüentando o estabelecimento onde seu marido trabalha. Isso pode salvar seu casamento). Coitado dos amigos que tem que arrastar aquele armário para o carro (ou buscar ele no centro do Recife, perdido, dormindo no próprio carro enquanto espera o resgate – mas isso antes da lei seca). Coitado dos amigos que tem que se apoiar com as costas na porta do motorista e, apertados entre o banco e a
direção, usar os dois pés para empurrar ele pra fora do carro enquanto ele se segura, se negando a descer (apesar de ser 5h da manhã) exigindo que devolvamos seu sanduíche, que ele comeu ainda na
lanchonete. Coitado de quem tem que ver ele de
cueca, abandonado sobre o sofá até o outro dia. Mas nosso herói ainda assim sobrevive para lutar outro dia. Segundo ele a bebida é sua maior inimiga mas um homem que foge de seus inimigos é um covarde.
A vida
boemia trás consigo
benefícios, entre eles, segundo
Thiago, as habilidades necessárias para o tornar um grande, literalmente, sedutor. Apresente uma amiga e ele chegará de mansinho,
blasé, e olhará para a menina com o canto dos olhos enquanto pergunta, a você e não a ela,"e ai , funciona?". É ou não é um profundo conhecedor das
técnicas de sedução?
Assim como
Marcel,
bizonho do
post anterior, nunca perde uma discussão,
ops, debate. Está SEMPRE certo. Felizmente por se tratar de um cara inteligente seus argumentos costumam ser bons o que ao menos valoriza o assunto. Sua opinião a respeito de cinema deve ser observada com cuidado. Depois de saber que ele adorou “
The Fountain” eu perdi completamente o respeito por suas capacidades cinéfilas. Agora quando falamos de música e jogos ele é o cara. Se ele der o parecer, pode ir fundo. Não tem erro.
Brega, samba,
pop,
Techno. Um monstro esse
Thiago. Se for contar as histórias do tempo em que ele era funcionário de
Lan House o
post vai ficar imenso. Eu vou deixar ele mesmo escrever sobre este tempo e posto aqui.
Pra fechar quero refutar uma informação sobre nosso amigo Barata. Ele não é grosso. Não é isso.
Digamos que o efeito colateral da queda no caldeirão foi deixá-lo com baixa tolerância a perguntas idiotas. Isso o levou a ganhar o posto de moderador do Boa
Pentelho e se tornar uma lenda. Um amigo meu simplesmente não falava ao lado de
Thiago, morria de medo de levar um toco e ver isso se postado no Boa
Pentelho no mesmo dia. Ah, medo bobo, eu mesmo só ganhei uns 8
posts lá. Alguns duplos, é verdade, mas,
poxa, um preço pequeno a se pagar para poder apreciar toda sabedoria de nosso mestre Pai
Mei.
Pra finalizar:
Thiago, lembra daqueles
tecos que te dei usando uma
desert enquanto você estava chocando as bolas com sua
AWP? PATO.