sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Ah, Maluf, sua velha raposa...
Ontem, quinta-feira, o debate entre os prefeituraveis da cidade de São Paulo ocorrido na rede Bandeirantes nos brindou com um episódio que me motivou a escrever este post.
Durante o debate a vereadora Soninha Francine, candidata a prefeita pelo PPS (e mais conhecida do público por sua atuação como VJ da MTV e comentarista esportiva) resolveu questionar Maluf a respeito de suas propostas para combater a corrupção. Oras, há um velho ditado que diz não se fala de futebol na casa do aleijado.
Na mesma hora ela foi confrontada pelo já folclórico Paulo Maluf, cujo o histórico político só não é maior que sua lista de velhacarias, a respeito de uma declaração que teria dado a Folha de São Paulo. Durante a sabatina do Jornal Soninha afirmou algo que todos já sabem: projetos só são aprovados mediante acordos entre os vereadores, visado benefícios para os próprios, numa clara acusação de corrupção. Contudo, Maluf, uma velha raposa, enfiou o dedo onde dói.
“Você disse que os vereadores se vendem por dinheiro. Mas não tem corrupção sem corruptor e quero que você tenha coragem de dizer quem recebeu e quem pagou. Eu não fui. Eu te desafio a dar o nome de seus colegas corruptos" vociferou nosso velho conhecido Salim, autor da celebre frase “estupra mas não mata”. Soninha então se viu contra a parede. Tentou usar toda veselina que pode para escapar da responsabilidade de dar nome aos bois, e conseqüentemente provar suas acusações. É claro que Maluf sabe que Soninha falava a verdade quando deu a declaração ao jornal, qualquer um que já tenha se envolvido com política sabe disso. Contudo o que o velho Maluf também sabia era que Soninha nunca poderia citar ninguém. Soninha, por sua vez, sabe que esta fora do páreo e essa candidatura apenas a prepara para se lançar como deputada em 2010. Sabe também que se ousasse citar qualquer nome durante o debate se tornaria um peso morto dentro da câmara, sendo boicotada de todas as formas por seus pares por ter quebrado o voto de silêncio, por ter traído os seus. Na política as coisas não se resumem a ter ou não o rabo preso. Não há preto no branco. Há cinza demais. Você tem que ser conivente para poder trabalhar. Sozinho não se faz política, não se aprova projetos, não ajuda ninguém. Ela se tornaria uma pária na câmara dos vereadores.
E agora Soninha? Pagou de covarde? De omissa? Grande parte da população não entende os meandros que envolvem o universo da política, não entendem o porque de você não poder citar os maus políticos. Para eles você se tornou uma boquirrota? E de quem é a culpa afinal? Ela devia ter ficado calada, não devia ter feito a denuncia? Não devia ser fiel a sua ideologia?
Política é guerra. Isso sim é simples. Em a “Arte da Guerra” de Sun Tzu, um livro milenar sobre estratégias de guerra, temos algumas informações que podem ser valiosas a Soninha nos próximos debates.
Entre os cinco fatores que permitem que se preveja qual dos oponentes sairá vencedor ela falhou no que diz:
Aquele que está bem preparado e enfrenta um inimigo desprevenido;
Maluf vem enfrentando contínuos ataques, investigações e processos por corrupção. É claro que, como safo que é, está muito bem preparado para se defender contra qualquer tipo de acusação deste tipo. Ele já fortificou suas defesas aí e atacá-lo nesse terreno pode ser pouco eficiente. Ele estava prevenido, preparado e, certamente, conhecendo bem Soninha, esperava por parte dela este ataque.
Sun Tzu então diz:
Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará cem batalhas sem perigo de derrota;
Para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais;
Aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será derrotado em todas as batalhas.
Soninha desconhecia o inimigo, ela o subestimou, e desconhecia a si mesma, desconhecia a sua relutância em corroborar suas acusações.
Continuando:
No passado, os guerreiros hábeis tornavam-se, eles próprios, invencíveis. Depois, esperavam as oportunidades para destruir o inimigo. Ser invencível depende da própria pessoa, derrotar o inimigo depende dos erros do inimigo.
Maluf, uma vez decidido a concorrer, certamente optou por fortificar todos os pontos considerados vulneráveis. Sabendo que ainda assim seria atacado ali, o que devido a suas defesas, seria um erro do adversário, só precisava se preparar para retaliar com força aproveitando o momento.
Temos ainda que:
É importante levar o combate para o terreno de sua escolha, tendo previamente preparado-o, garantindo assim vantagem. Conhecer o terreno e analisar previamente as provisões necessárias para o combate são pontos importantes para assegurar a vitória.
Soninha achou estar escolhendo o terreno, a corrupção, mas esse já era conhecido por Maluf que já o havia preparado. Ela julgou mal as previsões necessárias, não tinha provas (ou não podia citá-las), indo ao combate mal municiada. Maluf por sua vez estava bem preparado.
Soninha luta, aparentemente, com paixão, com o coração. Maluf por sua vez luta com cabeça, de forma racional e planejada. Infelizmente, no mundo real, nem sempre o bem vence o mal. No mundo real vence o mais preparado. Soninha pode ser uma gracinha mais ainda está verde para ser prefeita. Ponto para Maluf.
Ps. Ele pode ser um calhorda mas eu tenho que admitir que admiro a inteligência de Salim.
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