Imparcialidade na imprensa? Que porra é essa?

Eu fico mais e mais impressionando a cada dia que passa. Mesmo sabendo como as coisas funcionam ainda assim me assusto quando as vejo ali, pertinho, acontecendo. O que estou vendo é a morte da imparcialidade na imprensa.

Quando pensamos no objetivo da impressa dita livre imaginamos, imediatamente, total imparcialidade, clareza e objetividade na divulgação dos fatos. Imaginamos que vamos receber ali informações cruas, de forma mais isenta que for possível (afinal não sou tão inocente a ponto de acredita na total isenção). Mas o que a Folha de Pernambuco vem fazendo é um verdadeiro desserviço a história da imprensa.

Todos sabemos que cada Jornal puxa a sardinha pra um vetor da política – todos eles são, de uma forma ou de outra, controlados por famílias ou empresários com nítidos interesses políticos. Nem sempre o fazem de forma discreta, mas raramente o fazem de forma tão descarada como vi hoje.

JOÃO DA COSTA CONTINUA CANDIDATO, diz a manchete da Folha de Pernambuco em letras garrafais. Dentro encontramos matérias ainda como “Tentaram fazer o jogo sujo de sempre” ou “DEM não consegue tirar petista do AR”. Mas, Eden, o titulo não é inverídico! Não, não é. Ele é verídico e T-E-N-D-E-N-C-I-O-S-O. Escolheram a forma mais eleitoreira de dar a notícia. Quantas formas diferentes você conseguem imaginar de dar a mesma notícia de forma mais imparcial? Eu consigo imaginar centenas de títulos distintos, que digam exatamente a mesma coisa e de forma até mais elucidativa. Mas não. O raciocínio é lógico e reto: vamos informar ao povão (eles que podem ser mais influenciados pela notícia da cassação de João da Costa, afinal se você tem educação e cultura e escolhe votar nele merece realmente tê-lo como prefeito – seu voto não está sendo comprado com assistencialismo eleitoreiro). A Folha de Pernambuco é a melhor opção impressa e, apesar de seu dia de melhor circulação ser na segunda-feira não poderiam esperar tanto. Está aí a manchete.

Antes que alguém venha dizer que eu não sou imparcial lembrem que eu NÃO tenho que ser imparcial. Pelo contrário. Eu sou um blogueiro e acredito que quem lê me blog quer minha opinião. A ética que envolve um blogueiro é completamente distinta da que envolve um jornalista (e nem de longe quero me comparar eles, sou um simples escrivinhador).

Agora é esperar e confirmar se no caso da manutenção do PT na prefeitura do Recife se haverá algum incremento na verba de publicidade destinada a Folha. Quem viver, verá.