Um votinho não vai fazer diferença

Vejam só, o circo eleitoral pode ter fechado a lona mas ainda não acabou. Leiam o texto abaixo de Fernando Brito (kibado na integra na maior cara de pau por esta pessoa que lhes escreve - e viva o control C + control V). Admito que como admirador do marketing político e de todas as presepadas e reviravoltas que lhe são comum dei boas risadas.

Juru é um município que até então eu nunca tinha ouvido falar. Situado no interior da Paraíba, contém cerca de 10.000 habitantes. Apesar de muito pequena, é um cidade que irá trazer grandes recordações para mim por um bom tempo. Por quê? Porque uma série de coincidências e eventos aconteceu lá de forma bastante peculiar, o que acabou gerando uma situação de raridade única e excepcional.

Localização de Juru, na Paraíba

Acredite se quiser, mas a história que eu aqui vos conto é verdadeira, e está inclusive documentada com filmagens, entrevistas, etc.

Tudo teve início nesta campanha eleitoral de 2008. Juru, com apenas 6.610 eleitores, contava com 2 candidatos a prefeitura: o atual prefeito, Antônio Laudal (mais conhecido por Dr. Toinho) e Luiz Galvão da Silva (não achei como ele era mais conhecido, mas o chamarei de “o azarado” e logo você irá compreender o porquê).

Tudo estava ocorrendo normalmente, dentro dos conformes (como diz meu avô), quando na noite de 2 de Outubro o Dr. Toinho (atual prefeito) teve que renunciar a sua candidatura. O motivo? Alguns problemas em 1993 e 1996 com o Tribunal de Contas da União (TCU) levaram seus adversários a entrarem na justiça com um pedido de impugnação a sua candidatura, que foi devidamente acatado.

Imagem aleatória, só para o texto não ficar cansativo

É aí que entra na história um personagem bem inusitado: o motorista do prefeito, Zé Queixinho. Como a esposa de Dr. Toinho era a atual vice-prefeita e novamente candidata para o mesmo cargo, ela não pôde assumir a candidatura no lugar do marido. E foi justamente (e nada convenientemente, hein) no último dia do prazo eleitoral que Zé Queixinho (o motorista) foi anunciado (na surdina) como candidato substituto do Dr. Toinho (o prefeito).

Porque “nada convenientemente”? Porque devido ao “atraso” para escolher o novo candidato substituto, não foi possível atualizar o nome e a foto nas urnas eletrónicas. Quando digitado o número 22, ao invés de mostrar as informações do motorista Zé Queixinho, o eleitor visualizava o nome e a foto do ex-candidato Dr. Toinho, e era de certa forma iludido, pois seu voto não ia para este.

Um ou dois dias depois, Luiz (o azarado) - agora adversário do motorista do seu ex-adversário - ouviu os rumores sobre a não substituição dos dados na urna eletrônica e foi fazer o teste na hora da votação. Após digitar 22 e conferir que as informações realmente estavam erradas, ele rapidamente chamou um fiscal e mostrou-lhe o problema. Porém foi logo em seguida que ele cometeu o que provavelmente foi um dos maiores erros de sua vida: em vez de apertar “CORRIGE” e colocar seu número, ele apertou “CONFIRMA” e acabou por votar no seu adversário. “Besteira”, deve ter pensado ele. “É só um voto, não deve fazer diferença“.

Tento imaginar a cara dele ao ver o resultado final da eleição. Confira na imagem abaixo.

Fonte: IG Eleições 2008

Mais improvável que isso, impossível! Luiz, que votou no seu próprio adversário, perdeu por 2 (dois!) votos. Só dois.

Vamos raciocinar um pouco: se ele tivesse votado em si, seria um voto a menos para Zé Queixinho e um a mais para ele, dando um empate técnico. Sabe quem ganha em um empate, certo? O mais velho. E sabe quem é o mais velho?

Exatamente, ele mesmo, Luiz (o agora super azarado). O mais extraordinário disso tudo é que isso faz com que o voto dele (e somente o dele) seja responsável pela sua derrota.

O pior é que provavelmente o motorista vai renunciar o cargo, fazendo com que a vice-prefeita (mulher de Dr. Toinho) assuma a prefeitura. Enquanto isso Luiz recorre na justiça, pois se a urna mostrasse os dados corretos do candidato adversário, provavelmente ele seria o atual prefeito.

Essa história ainda vai render um bocado, mas certamente o mais interessante já passou."