sexta-feira, 18 de julho de 2008

Aprendendo com o melhor


O MSN pipocou. “Eu sabia que você era fã de Lunga”, “Você deve é ser parente dele”, “Lunga é aprendiz perto de você”. Aí você me pergunta: “Eden, a turma ta te chamando de grosso, vai deixar por isso mesmo?”. Não, não vou. Vou confirmar.

Tá certo, não sou nenhum papel de seda, admito. Agora o que os nobres leitores tem de entender é que ser grosso é realmente uma arte. Não to falando aqui de bater na mulher, chutar o cachorro ou usar palavrão como quem deveria usar a vírgula. Falo de ser grosso com estilo. Agora a mulherada faz “Ahhhhhhhhhhhhh” e a macharada faz “issoooooooooo”. Mas é fato de que não costumo encontrar mulheres que utilizem sua grossura com charme e elegância. Mas sexismo a parte vamos ao que interessa.

O ser grosso em questão é ter a resposta certa, na hora certa, para aquela pergunta ou afirmação estúpida. É saber pontuar um momento com uma pérola de sabedoria só sua, uma observação cínica, ácida e mordaz, que, muitas vezes, prova o quão estúpidos são os outros. Qual a graça nisso? Ah, você tem que experimentar a sensação para saber.

Claro que as vezes abusamos de nosso poder ou posição. Meu filho, por exemplo. Filipe não ouve de seu amado pai advertências do tipo “Se não fizer isso vai ficar de castigo”, “se fizer isso vai ficar sem televisão”, “vai levar umas palmadas”. Vamos a algumas frase usadas para amansar minha fera e que me valeram o título de aprendiz de Lunga.

- vai apanhar com um gato morto até o gato miar.
- vai levar um cola brinco no escutador de novela.
- vai levar um tapão tão lascado no pé do ouvido que as duas orelhas vão ficar do mesmo lado da cabeça.
- vai levar um cascudo daqueles que vai fazer seu pescoço sumir e seu pinto aumentar.

Quando saio com uma dessa meus amigos travam de rir, minhas amigas ficam estupefatas me olhando como seu eu fosse um monstro. E o guri? Esse ri de morrer. Ele sabe que se trata de um acordo entre pai e filho. Eu exercito minha grossura, ele aprende com um dos melhores. Prova disso?

Um amigo meu, cujo o rosto na época parecia um cemitério de peixe, era a própria encarnação do ralador de coco, foi lá em casa pegar uma encomenda. Enquanto eu revirava minhas coisas Filipe chegou junto dele e eu tive o prazer de ouvir o seguinte diálogo:

- Eca, quanta espinha.
- Filipe, isso não se diz - eu interrompi.
- Oxe, painho, porquê? Ele não tem espelho em casa?
- Deixa, Eden. É, Filipe, eu to tomando um remédio pra isso – meu amigo tentou amenizar.
- Então mude que não ta adiantando de merda nenhuma.

É, ou não é para matar um pai de orgulho?

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