quarta-feira, 23 de julho de 2008

Um dos capitulos do meu livro.


Um beliscão para chamar atenção

Ui, ui, ui. Gordo saltava como pipoca. Mas quem teria...

Bom, se essa fossa uma história de suspense essa seria a hora que, de trás das sombras, saltaria um ser horrendo, assustador, com as mãos prontas para B-E-L-I-S-C-A-R! Mas não é uma história de suspense, é uma história sobre o Gordo, sobre o muro, sobre o que estava escondido ali dentro. Era também uma história sobre o Jardim e no Jardim não haviam seres horrendos – Bom, Raul o escaravelho era feio pra dedéu mas acho que não pode contar como ser assustador, afinal ele cuidava do orfanato do Jardim. Opa, estou divagando novamente... vamos voltar ao Gordo.

Ele se virou, procurando quem teria cometido aquele atentado contra seu traseiro verde. É claro que ele não esperava ver o que viu. Ninguém esperaria. Quem invadiria o jardim do Gordo para lhe dar um beliscão? Teria que ser alguém valente, corajoso, ousado, grande. Mas... uma borboleta?! Ah?!

De cima da pedra uma borboletinha colorida gargalhava gostosamente. Com as mãos apoiadas nos joelhos, ela se dobrava para frente, divertindo-se com os pulos do Gordo. Suas asas coloridas, abertas, refletiam a pouca luz daquele lugar escuro, contrastando com todo o resto.

- Ei, porque você me deu esse beliscão? E quem é você? E como entrou aqui? – Gordo encarava a intrusa tentando fazer cara de indignado (mas estava difícil fazer uma cara diferente da atual cara de dor)
- Eita quanta pergunta! Estamos brincando de esconde-esconde ou de perguntas e respostas? – Respondeu a risonha borboleta, parecendo nem se importar com as caretas do Gordo.
- Brincar? Brincar?! Quem está brincando? Ei, mocinha, como entrou aqui?
- Oras, como assim? Que pergunta boba. Voando, !
- Pois trate de sair por onde entrou! , fora!

A borboleta desceu da pedra, ainda rindo, e olhou em volta, curiosa. O Gordo a seguia de perto. Apesar das reclamações e resmungos ela parecia não ligar, ignorar completamente todo mau humor do besouro verde, que, de tanta raiva, estava ficando roxo.

- Mas eu gosto daqui – ela respondeu dando piruetas.
- Pois não vejo do que pode gostar.
- Ah, eu vejo aqui um lindo jardim, com flores, plantas e frutas!
- Hein? Aqui? Onde? – Essa menina é maluquinha, pensou o Gordo enquanto olhava para o seu triste e escuro jardim.
- O que mais você não sabe fazer? Não sabe brincar de esconde-esconde, de perguntas e respostas e nem mesmo consegue usar a imaginação.
- Pelo menos não sou maluquinho, não saio por aí beliscando traseiros verdes nem invadindo o espaço alheio...

Bem, uma coisa tem de ser dita. Aquilo estava matando o Gordo. Para alguém como ele ser chato assim chegava a doer. Mas ele tinha que tirar aquela borboleta dali, ela não podia ficar, ela estava invadindo, ela podia encontrar aquilo que o Gordo estava escondendo.

- Admita – ela sorria e saltitava – você deve se sentir sozinho aqui!
- Isso é um problema meu e você tem de... – antes que o Gordo terminasse a frase a borboletinha lhe deu mais um tremendo beliscão, dessa vez no braço e bateu asas.

Ei, abusado, adorei seu jardim. Sério. Gritou ela voando para longe. O Gordo, ainda aturdido com tudo aquilo, olhava a divertida borboletinha voar por cima do muro, enquanto balançava o braço, tentando aliviar o ardor do beliscão.

- E vou voltar pra lhe visitar! Ela gritou antes de voltar a cantarolar a linda cantiga mais uma vez trazida pelo vento.

E o Gordo ficou lá, com cara de bobo, tentando entender tudo aquilo. Ao menos ela não havia encontrado o que ele escondia. Bom, isso podia não ser bem verdade.

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