
Não é a toa que cunharam a máxima que diz que criança é como peido, só agüenta quem fez. Acredite que isso não partiu do fato dos pais TEREM de agüentar seu filhos (eu sou pai e falo de cátedra). Não, não é assim tão simples. No meu entender quem cunhou frase tão celebre teve um insigth ao perceber que o homem sempre agüenta o próprio peido. E mais, ele o faz com um orgulho quase cívico. Oras, se você agüenta cheirar os próprios gases,e se só você agüenta e ninguém mais, deve ter parecido uma relação muito próxima com crianças birrentas. A lógica é simples: quem fez agüenta. Mas eu me aprofundaria ainda mais no assunto.
Como já disse antes o homem não só agüenta o próprio peido como se orgulha dele. Quando alguem sente aquele borbulhar, aquele queimor nas beiras, aquele arrepio na nuca. Todo o aviso, a preparação. Vem bomba por aí. Ai, droga, aqui não, não tem ninguém por perto. Já suando, vai a sala ao lado, ninguém. Na sala do cafezinho. Todos saíram. Mas já? São 18h20. Os elevadores estarão cheios! Na ponta do pé, num balé suplicante entre um furico bicudo e uma mente maliciosa, vai seguindo. Chama o elevador. Quem observasse de longe agora pensaria ver uma dança. Um leve molejo de cintura. O elevador chega. Lotado. Opa, cabe mais um? Condenados, todos eles.
Ah, o elevador lotado. Agora. Não. Mais dois ou três andares. Além de disfarçar pode surgir outra vitima. Seu Ariovaldo, o coroa chato e narigudo entra sétimo andar. Narigudo. Segura o riso.
A pressão no retentor já está insuportável. Você relaxa um pouquinho. Analisa pra ver se vai ser mesmo do silencioso (de outra forma corre o risco de ser linchado). Hum, perfeito. Agora é só propiciar o perfeito controle do escapamento. Liberar mas não muito pra não apitar. Devagar e sempre. As vezes, num gesto irresponsável, colocamos mais força no final. Só pra ouvir aquele fuimmmmmmmmmmmmmmm de levinho, imperceptível para os outros mas que para o autor da façanha é quase como ouvir um filho falar papai pela primeira vez. Agora é fazer cara de parede e analisar as reações.
Alguém tosse. Uma senhora torce o nariz. Todos se viram e olham para o gordinho no canto (vítima preferida logo a frente da mulher feia e da criança). O gordinho faz a única coisa que podia, cara de quem não ta com a mão amarela, quase se desculpa por um peido que ele não deu (mas que queria ter dado). E o autor lá, cheio de orgulho, esperando o elevador chegar o térreo, todos se atropelem pra sair e ele poder subir de volta pro trabalho.
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