quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A imbecilidade por trás do politicamente correto

Na minha adolescência tive dois amigos, irmãos, chamados Leonardo e Leandro. Eles são, de acordo com a norma do politicamente correto, afro americanos. Eles são, segundo a definição de Leo, negrões azulados.

Dois irmãos que encaram de forma distinta sua natureza étnica. Leo conta divertidas piadas de preto, segundo ele corta o cabelo com lixa elétrica, diz que vai pra praia pegar brilho e que quando passa hidratante fica fosco. Leandro não gosta de ser chamado de “de cor”, acha o sistema de cotas uma maravilha, e parte pra briga quando contam piadas de preto. Leo acha o sistema de cotas uma imbecilidade – acredita que devia ser voltado a classe social e não a cor, deixa recado dizendo na caixa de mensagens dizendo “é o negão, porra” e saiu no carnaval de Olinda fantasiado de Rei Africano. Leandro vibrou por Obama ser negro. Leo vibrou por Obama ser inteligente. Leandro sempre usou cabelo curtíssimo, com uma fina linha raspada simulando o cabelo dividido de lado. Leo já usou dread e blackpower. Leandro gosta de loira. Leo gosta de MULHER. Leandro é, apenas de apenas um ano mais velho, continua na faculdade e vive de mesada. Leo é um médico de sucesso que deve ganhar algo em torno de R$ 15.000,00 mês.

Enquanto Leo chega nas meninas com uma cantada como “depois de experimentar o negão aqui até moreno vai parecer ruim para você” Leandro alega que tudo de ruim que acontece na sua vida é obra “do racismo” brasileiro.

Antes que eu continue peço que assistam o vídeo abaixo que foi postado por Marcel lá no Byte que eu gosto.


Impressionante, não?

Enquanto Leandro alega que foi reprovado naquela entrevista de emprego por ser negro, enquanto ele alega que a menina não dá bola pra ele por causa de sua raça, enquanto ele culpa sua pele por suas mazelas, Leo, livre desse tipo de imbecilidade que impregna o “politicamente correto” vive feliz e realizado.

Eu não nego que haja racismo. Não nego que seja mais difícil ser negro que branco (e ainda mais difícil ser negro e pobre). Não podemos negar nada disso. Mas, sinceramente, concordo com o vídeo acima. Acho que boa parte da própria população negra é “programada” para se tornarem Leandros e não Leonardos. O racismo segue, mas de uma forma distinta. Que acha de usar uma camisa escrito 100% branco? Ou que tal uma dizendo 100% Jardins? Que tal montar um grupo musical chamado Orgulho Branco? Risco de cadeia, meu chapa. Algum amante do politicamente correto pode acreditar que você é racista…

Sinceramente, fico com Leo, meu amigo Negão, quase azul marinho, cujo o sorriso, inteligência e auto-confiança podem quebrar qualquer tipo de paradigma racial. Prefiro ele a um babaca fiscalizador que vê agressão em todo canto, incapaz de desenvolver um mínimo senso de humor.

Enquanto houverem imbecis, de qualquer cor, o racismo existirá. Contudo a solução passa bem longe de estimulá-los a se tornarem “politicamente corretos”, ainda mais por medo de cadeia. Acredito, no meu modesto ponto de vista, que a solução está no ensino básico, dando oportunidade a cada pessoa a ter orgulho de sua cor e descendência. Acreditar em si mesmo é fundamental para se ter sucesso.

Em terra de moreninhos, cafés-com-leite, chocolate, queimadinho, bronzeados, escurinhos e afins vai ser complicado fazer com que o preconceito termine.

É Leo, ensina pra gente teu segredo…

8 comentários:

Amauri Silva disse...

Muito bom, o texto.

Sempre achei ridículo o politicamente correto, e não só no que diz respeito à racismo, mas também no que dizrespeito à idade,deficiências físicas, etc.

O politicamente correto é umamaneira idiota de tentar tapar o sol com a peneira, e de criar doentes e complexados.

Flw.

Anônimo disse...

Não dá pra só bater palmas, ao invés de comentar? Clap-clap-clap...

[]'s
Compulsivo

James Figueiredo disse...

Olha, Eden, o assunto dá pra dias de discussão, mas preciso dizer uma coisa - Qualquer um que fala algo como "Que acha de usar uma camiseta escrito 100% branco?", OBVIAMENTE é branco, homem, heterossexual e, no mínimo, de classe média. Portanto, nunca foi realmente vítima do preconceito que motiva as ações afirmativas.

As pessoas usam camisetas escritas "100% Negro" (e, pela mesma lógia, há uma parada do orgulho gay, mas não uma do orgulho hetero) por que são ensinadas, desde pequenas e de inúmeras formas diferentes, que ser negro é ruim ou, no mínimo, indesejável (como mostra o vídeo que você postou - Essas crianças tão novas foram ensinadas pela sociedade que a boneca desejável, a bonita, boa e legal, é a branca).

É muito confortável pra um representande da parcela privilegiada da população se sentir incomodado por que seu direito de fazer piadas racistas está sendo tolhido. É preciso, no meu entendimento, mais boa vontade em entender as razões por trás da militância, e das ações afirmativas.

E é exatamente pra acabar com a cultura do "moreninho", "queimadinho" ou "café-com-leite" que é preciso que haja a disposição e a auto-confiança necessárias pro "100% Negro".

Valeu, e um abraço,
J.

Eden Wiedemann disse...

Pois é J, então você concorda comigo. Acho que não resolve se criando um novo tipo de preconceito, desta forma só se cria mas distanciamento quando devia haver unidade. Devíamos achar pontos em comum e não diferenças.

Só discordo de você quando usa como argumento que o "preconceito sofrido" (muitas vezes autoimposto ou imaginado - resultado de um jeito Leandro de ser) justifica sermos permissivos com atitudes que "geram" orgulho enquanto criam barreiras e alimentam essa politica imbecil do "ser correto".

Preconceito não existe apenas relacionado a cor. Não vejo ninguém usando camisas "100% ensino médio" em entrevistas de emprego, "100% cabeça chata" nos canteiros de obra paulista ou mesmo "100% carecas" nas baladas. Eu sou, segundo os paulistas, um "paraíba" apesar de ser de fato pernambucano, e garanto a você que mesmo sendo branco, classe média, heterossexual seria vítima de preconceito. Preconceito é um fato e não devemos estimulá-lo e sim combatê-lo.

O negócio é, de cedo, fazer com que as crianças entendam que a pigmentação de sua pele, o seu cabelo, a grossura de seus lábios ou o seu nariz não a fazem menos inteligentes ou capazes. Que o fato de não se enquadrarem num padrão de beleza imposto pela mídia nas as torna feias. É ter orgulho de ser igual, de sermos todos iguais e não de sermos diferentes.

No mais obrigado pelo comentário e pela visita. A ideia é justamente essa: estimular um debate inteligente.

Andressa disse...

lendo esse texto eu me lembrei de uma música chamada "my balls are ok" de um grupo europeu.

todas as pessoas são diferentes. vc pode ver suas peculiaridades como algo a ser escondido, motivo de vergonha, ou como algo a se ter orgulho.

Andressa disse...

ah, o grupo se chama "boys on wheels"
pode ir lá procurar no youtube.

Cris Vieira disse...

Esse vídeo data de pesquisa feitas nos USA nas décadas de 60 e 70.
E alguma coisa mudou desde? Muito pouca... que bom os americanos terem uma referência positiva agora com Obama.
Que seja feita a educação!

Joyce disse...

Concordo, sou branca feito gasparzinho e adoro meus amigos que sentem orgulho em serem negros!
:*