domingo, 24 de agosto de 2008

É, admito que sou um cagão


Hoje já não me incomoda mais, se é que um dia incomodou. Já me acostumei com os apelidos (socó, calça frouxa, pato e afins) e assumi que sou um cagão. Mas um cagão no sentido literal da palavra. Já não me chateia mais ouvir o seguinte dialogo:

- Cadê Eden?
- Onde você acha que ele está?
- Cagando, no computador ou jogando vídeo-game.

É verdade, se você tivesse que apostar onde eu estaria quando você ligasse aqui para casa diria que, seguindo esta ordem, teria 50% de chance de acertar. Ah, mas você vai no banheiro tantas vezes assim? Hum rum. Vou. São ao menos 4 sentadas no colo de bocão por dia, e estiver tudo bem. Se não estiver bem, bom, aí eu realmente viro flor: passo o dia inteiro no vaso. E, antes que comecem a tirar sarro, aviso que isso é NORMAL. Eu tenho, como posso dizer, um intestino eficiente e respeitador das leis da física. É muito simples. Dois objetos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Entrou tem que sair. Ele respeita bem essa regra. Bem até demais.

Tem o lado bom, eu, por exemplo, não faço idéia do que seja uma prisão de ventre. E tem o lado ruim, claro que tem. Não é fácil ter sua rotina, sua vida, dominada por seu caneco. O complicado é que isso afeta a todos a minha volta. Vou comer fora. Comi, pronto, 15 minutos tenho de pagar a conta e correr pra casa (isso pode ser resolvido se o lugar tiver um banheiro descente mas sendo eu um fã de botecos isso raramente acontece). Quando tenho a oportunidade de resolver meu problema no restaurante ou bar a coisa é mais simples. Nesse caso só quem se incomoda sou eu. Quando saio do banheiro todos na mesa estão olhando pra minha cara com aquele risinho torto. É certo que vou ouvir “E aí, mais leve?”, “Tá suado, tava trabalhando?” ou “rapaz, tu é foda, tu não leva a comida nem pra fora do restaurante”. E, acreditem, ninguém nunca faz este tipo de comentário baixinho. Ficou eu, lá, no meio do restaurante, sentindo que todo mundo nas mesas ao lado agora também sabem que eu sou um cagão.

Durante algum tempo me tornei um esportista, um ciclista de aventura, um trilheiro. Bastaram três trilhas para o pessoal do grupo me apelidar de calça frouxa. Eu era o cara que nunca acabava a trilha com a cueca. É, demorei a aprender que eu, Eden, precisava levar papel higiênico nas trilhas e tive que largar várias cuecas pelo meio do caminho até aprender. Mas, vocês tem que me dar um desconto, os caras tinham mania de, no meio da trilha, se deliciar com cabidelas, rabadas, sarapatéis e Cia. Se uma pessoa normal já tem problema para segurar o rojão proveniente de tais iguarias imaginem eu. A galera já conhecia os sintomas. Eu dava um gás, assumia a dianteira, ia lá para a frente. Eles me perdiam de vista por alguns instantes e logo viam minha bicicleta encostada num barranco e por trás das folhagens avistavam meu capacete. Eu, coitado, lá concentrado para não fazer o serviço na cabeça de nenhum pobre animal, de repente ouvia os gritos “cagãooooooooooooooooooo”, “calça frouxaaaaaaaaaaaaaaaa” que iam se perdendo na medida que eles se afastavam. Além de todo esforço (misto de força – afinal o caneco se sentia travado devido ao ambiente estranho e o excesso de verde – e equilíbrio – fazer o serviço de cócoras é realmente complicado e exige muito mais destreza do que podem imaginar) ainda tinha que, cansado e abalado depois de tudo, pedalar com força e vontade para alcançar o grupo. E ouvir mais piadas.

Casos como a dor de barriga indo para Tamandaré quase me fizeram pensar em encarar um psicólogo. Eu tinha que aprender a dominar o meu caneco. Coitada de Symone, ainda hoje fico pensando como ela agüentou aquela viagem. Nem bem tínhamos nos afastado 20km de Recife eu já tive que fazer a minha primeira parada. Deixei o carro no acostamento, com ela dentro, e desci o barranco correndo, suando, desesperado. Nessas horas o raciocínio não é lá muito funcional e a ausência dele me fez arriar as calças e me acocorar no barranco, olhando para baixo. E o que tem isso demais? Bom, como disse antes se tratava de uma dor de barriga das brabas, daquela que você grita no banheiro “mãeeeeeeee, trás a colher que é sopa”. Não chegava a ser do tipo aerosol, aquele spray na pressão, mas estava longe de ser sólido (escatológico, eu sei, mas o que você esperava em um post sobre este assunto?). Comecei o serviço e o negócio veio descendo o barranco. E eu tendo que, de cócoras, acompanhar para não melar os pés. Cena ridícula. Parecia o ET andando. Quando terminei tinha descido o barranco todo. Subi sem uma meia. Durante a viagem parei mais 3 vezes (mais uma meia, cueca, camisa). Numa delas, ao voltar ao carro encontrei o pneu baixo, era azar demais, na outra a Policia Rodoviária Federal que quase me multou por largar o carro no acostamento. Só não fui multado por que tiveram pena daquela figura pálida, semi-nua, com cara de acabado. Quando contei o que se passava foram embora rindo. Quando chegamos na casa de Dagmar, em Tamandaré, deixei Symone responsável por cumprimentar a todos enquanto eu corria desesperado para o banheiro. Coitada, imagino ela explicando a minha falta de educação e o fato de eu chegar apenas de bermuda.

Em um outro caso clássico voltava a noite da casa de Symone em Olinda, ainda no início do namoro, de ônibus, quando o negócio apertou. Não tive dúvida. Dei sinal, desci na parada e me dirigi ao Spettus, na época a mais luxuosa churrascaria daqui de Recife. Dei uma de doido, fazendo de conta que era um cliente (mesmo pálido e suado), entrei e me dirigi direto ao banheiro. Ah, a alegria e felicidade que acompanha uma solução eficaz para um problema como esse. Terminei, me ajeitei e sai, com cara de parede. Quando saia um dos manobristas me olhou, riu e soltou a pérola: “E aí, cara, mais leve? Entrou só pra dar um barrão, ?”. Eu dei um sorriso amarelo e fiquei pensando “Mas foda? Se eu não tivesse entrado só para cagar mesmo eu ia me estressar com esse cara. Vai ser ligado nas coisas assim na casa de cacete!”

É, acho que na minha vida de cagão só falta fazer um pombo, como o que o Yellow fez em Porto de Galinhas. Mas isso eu vou deixar para outro post porque está na hora de ir ao banheiro. Fui. Saúde Beleza Mulher Estética Dermatologia Pele Medicamento Peso Feminina Exame Tratamento Cuidado Juventude

Nenhum comentário: