domingo, 17 de agosto de 2008

Executivos de Hollywood = idiotas?

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Eu fico imaginando o que você precisa para se tornar executivo de grandes estúdios de cinema. Estou fazendo força, neste momento, tentando visualizar uma qualidade necessária para se tornar um deles. Não consigo. Nada me vem à mente quando eu procuro entender as qualidades que fazem com que eles sejam capazes de tomar tantas decisões erradas mesmo cientes de experiências anteriores apresentaram fracassos similares.

São estes idiotas que conseguem matar filmes buscando maior bilheteria e conseguindo apenas afundá-lo completamente. Vamos tomar como referência filmes de super-heróis. Ao decidir transformar um herói, ou Graphic Novel, em filme o roteirista tem vantagens e problemas a frente. Se já tem uma mitologia pronta, personagens já desenvolvidos e construídos, se já tem uma grande história em mãos do outro lado tem os executivos de Hollywood e uma legião de fãs. Quando uma história ou personagem de quadrinho é selecionado para ser transposto para as telonas ele, por mais desconhecido ou underground que seja, tem uma legião de fãs. E esses fãs existem justamente por todas as qualidades que o fizeram passives de uma adaptação.

Quando um filme é anunciado os fãs, sejam xiitas ou não, passam a acompanhar com interesses todas as notícias sobre a seleção de atores, roteiro e público a qual ele é destinado. E quase nunca gostam do que ouvem. Ah, mas isso é por que são fãs, você diz. Não, não é exatamente isso. Os executivos descaracterizam os personagens, fazem mudanças absurdas na mitologia, selecionam atores inexpressivos- mas milionários, mudam o que for preciso para obter classificação PG-13 (menores de 13 anos podem assistir acompanhados dos pais). E o que impressiona é que, na grande maioria das vezes eles erram por fazer estas adaptações, conseguindo tornar o filme um pato: nada, anda e voa sem ser bom em nada do que faz.

Exemplos não faltam. Enquanto filmes que, se não são completamente fiéis a mitologia (é pedir demais que não haja nenhuma adaptação), são fiéis ao personagem apresentam lucro em bilheteria e licenciamentos (brinquedos, roupas, cadernas e afins) os filmes ruins muitas vezes nem em licenciamentos conseguem se pagar, ficando na expectativa de que sejam salvos nos lançamentos dos DVDs.

Filmes como Mulher Gato, com roteiro estaparfúdio, atores mal selecionados e completamente distantes de sua mitologia original, afunda como um Mafioso delator nos rios de Chicago. Direto ao fundo. Motivo de piada e bilheteria pífia. Era a crônica de uma morte anunciada. Todos previram este resultado quando vazaram os primeiros rascunhos dos roteiros e os esboços do figurino. Todos menos os executivos.

Demolidor, com sua mitologia alterada, com personagens principais em excesso, e um protagonista canastrão, Bem Affleck, no papel principal. Enquanto muitos reclamavam do Rei do crime negro no filme, interpretado pelo gigante Michael Clarck Ducan, perfeito apesar do raso papel que o apresentaram, esqueciam que o Demolidor deveria ser um herói sofrido, sombrio e taciturno, e não um galã sorridente vestido em uma roupinha de couro vermelha.

O Hulk de Ang Lee pecou duplamente, uma por tentar ser fiel demais a estética dos quadrinhos, não conseguindo transpô-la como conseguiu Sin City, e errando ao inserir a figura paterna de Bruce Banner, Poodles mutantes e transformar o Hulk em um imenso emo verde.

O que dizer de um Justiceiro de mente sã (e não um assassino doente e vingativo), de um Constantine americano (ele é um inglês fleumático e sacana) que usa uma 12 sagrada e larga o cigarro, ou de um motoqueiro fantasma brincalhão (um homem amargurado por estar condenado a servir o demônio)? Observem que me refiro a fatos que podiam sem muito custo terem sido mantidos de acordo com a mitologia original. Não estou entrando em detalhes técnicos ou falando dos filmes toscos. Estamos falando de grandes produções cujo os erros dos estúdios garantiram seu “fracasso” (infelizmente alguns deles, apesar de tudo ainda deram lucro e fazem o estúdio achar que acertaram. Sétima arte é o caralho. O negócio é capitalismo animal). O que dizer dos Batmans de Shumacher? Um herói sombrio e angustiado? Não, uma bichona louca com mamilos eternamente mojando e um estúpido Batcard num imenso cabaré de cores e neon chamado Gotham City. E a Liga Extraordinária, que de uma série fantástica (onde o herói principal é viciado em ópio e o homem invisível é recrutado num convento, onde estupra freirinhas que acreditam estar sendo possuídas pelo espírito divino – erguidas, de pernas abertas e defloradas em pleno ar por nada nem ninguém) transformada numa história rasa com um personagem americano pobremente introduzido para agradar ao público dos EUA (que por sinal se torna o heróis do filme em uma das últimas cenas).

É impressionante que até franquias de sucesso, como Homem-aranha, cujo maior acerto foi ter sido entregue a um diretor apaixonado como Sam Hami, que conseguiu nos brindar com cenas como a que Peter curte sua recém recuperada vida looser ao som de Raindrops keep falling in my head – nada mais Parker que esta cena, podem terminar suplantadas por executivos gananciosos. Forçado a inserir o Venom, personagem mais odiado que amado do universo do amigão da vizinhança, Sam viu em suas mãos uma abacaxi que resultou no pior filme da franquia. E ainda assim o Venom vai ganhar um filme solo. Entenderam agora os planos? Um filme solo de um personagem ruim, vender mais bonequinhos do Aranha (agora quem tem o boneco original vai ter de comprar o preto, que não tem terá de comprar os dois, vamos ficar ricos), e muita, muita imbecilidade.

Os grandes filmes, as grandes adaptações, têm algo em comum: diretores e roteiristas fãs de boas histórias e de seus personagens. Os Batmans de Burton (sim, eu gosto) e de Nolan, O Hulk de Norton (que além de atuar ajudou a escrever), os dois primeiros Aranhas de Hami, os Supermans the Donner, X-men 1 e 2 de Singer e o Homem de Ferro de Fraveau, todos eles tem em comum fãs à frente, diretores, roteiristas e atores dispostos a brigar para transpor para as telonas seus heróis do jeito que são.

Mas eles não aprendem. Um novo filme do Justiceiro vem aí. Confesso que tinha muitas ressalvas até assistir ao trailer abaixo.



Sangue, muito sangue. Tiros, explosões e morte espalhados por um sacana de feição grosseira e cara de quem está pouco se fodendo para seus alvos. Frank Castle estava de verdade nas telonas, pensei. Mas os executivos ainda não tinham terminado. Afastaram a diretora, Lexi Alexander, e estão reeditando o filme para tentar PG-13 impulsionado pelo Cavaleiro das trevas de Nolan que por não ter sangue conseguiu PG-13 e uma excelente bilheteria (umas das maiores de todos os tempos). Apenas esquecem que o filme de Nolan teve várias outras qualidades além da ausência de sangue. Querem um filme sem sangue? Façam outro quarteto fantástico (ou não, porque o filme é ruim que dói)! É, parece que nunca vão aprender que não se pode agradar gregos e troianos. Mas uma coisa eu achei legal, quero ver o trabalho que vão ter pra tirar todo sangue do trailer acima. E por essa e por outras que tenho muito medo da adaptação de Watchmen, uma das melhores hsitórias já publicadas nos quadinhos e que está no forno.

Aqui a lista, segundo o Tomates Podres, dos 100 melhores/piores filmes baseados em quadrinhos.
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2 comentários:

Unknown disse...

5 comentários em 1:

1. Hulk só tinha dois problemas: É um filme do Ang Lee e as pessoas não gostam de filmes do Ang Lee. Eu adoro! E também gostei do Homem Absorvente! :P

2. Eu também gosto do Affleck fazendo Demolidor. Só não gosto dessa onda de pallete nova. Até o (Ultimate) Nick Fury do cinema virou negativo;

3. Caralho! Eu também gostei do Justiceiro (é uma piada). Você só não percebeu que é Frank Castle com uma roupagem "Comandos em Ação". Não sei como não botaram lasers no lugar das balas. :P

4. Liga? Que liga é essa onde o pirralho Allan Quatermain dá ordens a Mina Harker? Que porra foi isso?

E por fim: Cara, eu cresci com McFarlane fazendo o aranha. Eu gosto do Venon. Achei o 3o. filme ótimo.

Se você jogar o divertido e casual "Spiderman: Friend of Foe" com aquele clone gordinho que você chama de filho :D (é um tipo de Marvel Ultimate Alliance para jovens imberbes) vai ver uma história que se baseia na queda de vários simbióticos em diversos lugares do planeta.

Transportando isso para o filme e lembrando do "Planeta de Simbiontes", seria uma boa fazer um filme do Venon. Imagina vários simbiontes que nunca se ligaram a um meta-humano pipocando em NY (aka Centro do Mundo).

Faria o Venon do Spiderman 3 não parecer assim sem sentido. Poderia até fazer o Dr. Ock. voltar. Carnage?

Eden Wiedemann disse...

Eita, existe vida inteligente nos meus comentários. Vamos lá:

a) Não disse que não gostei. Não concordei com Bana no elenco, acho ele fraco, achei o Hulk com cara de mocinho bobão e a inserção do pai de Bruce e a ultima luta (acabou a grana para CGI e fizeram no escuro?) não foram pontos fortes. É mais fraco que o novo Hulk mas eu o vi duas vezes.

b) Não gosto do Afleck fazendo NADA. Ele é canastrão demais. Pra mim Mat Murdock poderia ter sido Guy Pearce (Memento).

c) Filme do justiceiro tem de ter SANGUE. Litros e litros. Mais que na Folha de Pernambuco quando começou a circular. Quer ver o Justiceiro? Assista "Chamas da vingança". A granada na bunda foi digna de Frank Castle.

d) Dizem que Sir Sean pintou e bordou com o roteiro. Pintou não, cagou. Se não leu a Liga 2, leia, DUKARALHO.

e) Não gosto do Venom. Acho um personagem raso. Acho que o principal problema do Aranha 3 foi o excesso de vilões (mais bonequinhos, mais dinheiro). A história em si ficou rasa. Existem muitos vilões legais no universo do aracnídio. Lagarto, Camaleão, Kraven, Electro e tantos outros. A forma como inseriram Venom no filme foi vergonhosa. Caiu do espaço justamente ao lado do Aranha? PORRA! Forçaram muito. Quanto a volta do Oquinho sou a favor.

E quanto a jogos do amigão da vizinhança, você viu o novo que será lançado agora?

Abração Heitor, muito bom ver você por aqui.