quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A lenda de Layla, uma das obras primas de Erick Clapton


Postando, na integra, fantástico post de Fred Fagundes - do Quem matou a tangerina? - contando a lenda de Layla, uma das melhores canções de Erick Clapton. Parabéns, Fred, um post impar.

"Inglaterra, algum dia de janeiro de 1967. Uma parede da estação metroviaria de Islington amanhece pixada. O ato, de mais puro vandalismo, não trata-se de mais um manifesto contra-guerra de jovens ingleses. Tampouco mais uma crítica dos skinhead, movimento que começava a ganhar forças em Londres. É sim a maior demonstração de idolatria que um músico já havia recebido. Na parede branca a tinta do spray preto afirma: “Clapton is God”.

Não vamos entrar no mérito da questão de quem é o maior guitarrista de todos os tempos. Talvez um post com os melhores solos, talvez. Pois quando temos Carlos Santana, BB King, Jimi Hendrix, Joe Satriani, Chuck Berry, Jimmy Page, Robert Johnson, Ry Cooder, Duane Allman e Stevie Ray Vaughan qualquer eleição acaba se tornando injusta. Mas deixe-me voltar aos personagens do post, Sir Eric Clapton e sua Layla.

Layla não é minha canção preferida, mas sim Cocaine - além da matadora versão de I Shoot the Sheriff. Porém, como em Tears in Heaven, que o guitarrista compôs para seu filho Conor, morto aos quatro anos de idade após cair do 53º andar de um prédio em Nova York em 1991, a história que cerca Layla é repleta de boatos. E até algumas traições.

Clapton formou sua primeira banda aos 17 anos, The Rooters. Foi com The Yardbirds, no entanto, que ele se consagrou como guitarrista. Depois de passar pelo John Mayall & The Bluesbrakers, Clapton formou com o baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker o Cream, trio no qual ele se aperfeiçoou como guitarrista e cantor. Segundo ele, o fim do trio se deu em 1968 devido a disputas de egos.

No mesmo ano, durante uma turnê, Clapton conhece o guitarrista George Harrison, dos Beatles. No White Álbums (1968), é Clapton que toca a guitarra de While My Guitar Gently. Chamá- lo teria sido uma forma de dar mais credibilidade a Harrison junto aos companheiros de Beatles. A amizade entre ambos, no entanto, durou pouco. Motivo: mulher.

Pattie Boyd era uma modelo inglesa desconhecida até conhecer Harrison nas filmagens de A Hard Day’s Night (1964), onde foi figurante ao lado de centenas de garotas. Em sua autobiografia, Pattie diz que as primeiras palavras de George para ela foram: “quer casar comigo?”. O fato é que deu certo e, dois anos depois, eles estavam unidos pelos sagrado matrimônio numa daquelas igrejinhas ao sul da França.

Voltamos para 1969. Clapton torna-se amigo de Harrison, é um frequentado assíduo de sua casa. Logo acaba conhecendo Pattie Boyd, uma mulher já havia inspirado seu marido a criar obras geniais como Something e What is Life. Pois bem, Harrison começou a estranhar a reação de Pattie. Desconfiado, decide então romper relações com Eric Clapton. Nem amigos, nem parceiros, nada.

Mas era tarde. O guitarrista solo já estava completamente paixonado pela modelo. Surge aí a motivação para escrever Layla:

(…)Eu estou implorando, querida, por favor/Eu tentei trazer consolo a você/Quando seu homem velho a deixou pra baixo/Como um idiota, eu me apaixonei por você/Por favor, não diga que nunca teremos uma chance/Nem que todo o meu amor foi em vão (…)

Harrison o acusa de traidor, mas o ex-amigo se defende dizendo que fez a música para a irmã mais velha de Pattie, a Paula, então namorada do músico. Mas não cola. Nem com Harrison, nem com Paula, que rompe o relacionamento com o, agora, sem amigo e sem mulher Eric Clapton. Mas apenas por enquanto.

Pattie nunca admitiu se Layla teve alguma influência, mas funcionou. Em 1970, pouco após o lançamento da música, Pattie se separa de Harrison e corre para os braços de Clapton. Eles viviem juntos até abril de 1988, quando ela deu um fim ao conturbado e polêmico românce. Claro, não antes de sevir como inspiração - de novo - para a música Wonderful Tonight. Só.

Façamos as contas. Em duas décadas, Pattie Boyd - ou Layla - foi motivo de Something, Layla e Wonderful Tonight. Something é uma das mais belas canções de Harrison, sendo regravada inclusive por Elvis Presley. Layla é de longe o maior sucesso comercial de Eric Clapton, até hoje é tocada em seus show. E, finalmente, Wonderful Tonight, outro grande hit e figurinha carimbada em serenatas, declarações de amor e afins.

E imaginar que tudo começou com uma mera figuração."

Layla - Erick Clapton



Something - Beatles



Something - Across the Universe (o filme)

2 comentários:

Anônimo disse...

Valeu, Eden! =D

Eden Wiedemann disse...

Mérito todo seu, Fred, todo seu.