quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A teoria do GPS retrofuricular

Sendo curto e grosso: seu pai pode não saber onde você está, sua mãe pode não sabe onde vocês está, seu chefe pode não saber, até mesmo você pode não saber onde está mas seu toba (vulgo orifício franzido e corrugado) sabe. É um fato inexorável. Seu orifício retrofuricular sempre sabe exatamente em que ponto você está localizado. Esta é uma teoria que desenvolvi com o passar dos anos e que certamente vai encontrar embasamento nas experiências de vários leitores. Explico a seguir.

Muitas vezes, a quilômetros de casa, sentimos uma leve pontada seguida de uma discreta cólica, algumas vezes acompanhada de peidinhos pouco alarmantes, indicando que está chegando a hora de nos igualarmos a todos os outros mortais. Pela pressão, movimento intra retrofuricular e pela qualidade dos gases conseguimos conceber o tempo que temos até chegar a algum lugar que possa nos proporcionar uma solução ao problema que advêm. Alguns, como eu, sabem tem que ir para casa.

É simplesmente impressionante como o danado do nosso toba sabe onde estamos. Quando num ônibus a cada parada ele parece reconhecer o lugar e nos avisar que está ali, sabendo que estamos chagando. Ele faz questão de mostrar que tem o poder. Ele está dominando a situação. Cada parada é um martírio. Nessas horas amaldiçoamos a tiazinha que insiste em segurar o ônibus perguntando se ele passa na Domingos Ferreira. “Cacete, minha tia, se você não deixar o motorista seguir logo este ônibus não vai para lugar nenhum. Vai ter que ser é lavado!”. Quando chega à parada de casa ele, o furico, mostra a você que sabe exatamente onde está. Descemos de forma atabalhoada, com vontade de correr mas com medo das conseqüências. Assumimos um passo que lembra a marcha atlética, uma coisa entre um viado apressado e alguém já cagado. Quem olha imagina se já não é tarde demais.

O interessante é que a pressão no retentor aumenta conforme a distância de nosso destino diminui. Se no inicio se tratava de um leve incomodo à medida que nos aproximamos do nosso destino a coisa começa a ficar preta (algumas vezes marrom). Em dado temos a nítida sensação de um bate estacas funcionando a toda vapor. O suor começa a descer. As pernas tremem. Algo ribomba dentro da gente. Bummmmmmm. Bummmmmmmmm. Atingindo com mais força o retentor de biela. Nessas horas chegamos a duvidar de nossa capacidade de seguirmos senhores da situação até podermos sentar no colo de bocão.

Os que moram em casa são sortudos. Infelizes são aqueles que tem de chegar ao prédio, rezando para que o porteiro esteja na portaria e seja ágil no exercício de suas funções. E o elevador? Maldito elevador. Esse nunca está lá. Rangendo os dentes apertamos o botão centenas de vezes seguidas. Entre o abrir da porta e nossa entrada ainda cogitamos em acabar com todo aquele sofrimento. O roscrof sabe exatamente onde estamos. E mais uma vez faz questão de provar. Uma dor lancinante nos atinge, nos dobramos enquanto soltamos o cinto e abrimos a calça, adiantando o processo. Ele está coroando.

E a porta de casa? Onde está a chave? Campainha. Vários toques seguidos de pancadas secas e fortes na porta. “Já vai!” alguém grita. “Vai logo que estou me cagando, porra!” gritamos de volta mandando qualquer educação que tenhamos tido a merda. Coitado de quem abre a porta, é literalmente atropelado e deixado para trás, ficando apenas com os peidos que largamos em virtude do ultimo esforço para chegarmos a tempo no banheiro. Um ultimo aviso de que seu timbó é o dono da situação.

Assusta que quase sempre chegamos no momento exato. Quase sempre. Ao fim da epopéia relaxamos e pensamos no sufoco que passamos para chegar até ali, tendo certeza de que não agüentaríamos nem mais um segundo. “Foi no momento certinho”. Engano seu, camarada. Não se trata de uma questão de tempo e sim de distância. Você não estava numa corrida contra o relógio e sim conta um adversário impiedoso e cruel. Ele, o seu toba, que o tempo todo controlava cada passo seu em direção a almejada privada, sabendo ponto-a-ponto onde você estava. Apertando os botões certos (ou seria o botão certo) para fazer com que você acreditasse que se trava de uma questão de tempo. Mas, amigo, não se confie nesta teoria para ignorar os artifícios de um fiofó determinado. Nem sempre o GPS dele funciona com perfeição, afinal errar é humano, e um erro dele é realmente a maior cagada.

6 comentários:

Unknown disse...

rapai, eu ri viu

Eden Wiedemann disse...

Então o post se prestou a sua função! :)

Marcel disse...

faltou só contar da trilha sem cueca

Anônimo disse...

Rapaz, isso dá um curta massa!
Eden, vc e seu Toba podem ser os protagonistas!!!
Já pensou? Cabeção td suado num ômibus, a cara de desespero e a coitada de D. Maria rapidamente abrindo a porta??? rsrsrs

Marcel disse...

concordo q tem q ser feito um curta!

Eden Wiedemann disse...

Rapaz, não seria um curta. Seria um documentário. Isso acontece ao menos uma vez por semana!