O ouvinte ou o telespectador é um filho de uma puta. Sério. Não tem como negar isso. É uma verdade universal e absoluta. Se houver oportunidade de sacanear o coitado do repórter ou do apresentador ele vai fazer. As vezes nem é intencional, o cara nem tem a pretensão de sacanear, mas a coisa é tão atávica que, poft, pau no apresentador. Já imaginou o desespero do apresentador? E da técnica? O pessoal da edição deve ficar ali, entre rachar o bico de rir e fingir que está indignado pra não perder o emprego.
O mais famoso é do Sílvio Santo e o bambu, devidamente registrado no vídeo abaixo. Aconselho assistirem antes que dêem prosseguimento em tão instrutiva leitura.
Alguns dirão que essa é velha, outros estarão, neste exato momento, tomando fôlego após pararem de rir de nosso colega do Baú. Por mais sádico que sejam não há como não ter pena de Sílvio e de suas vãs tentativas de remediar o que não tem remédio. Ele levou uma bambuzada no centro do oiti, dada por uma japa quatro-olhos de nove anos de idade. AO VIVO.
Mas Sílvio não está só. Nosso querido e saudoso palhaço Bozo, em seu programa matinal, enfrentou um destes meliantes televisivos. Como, infelizmente, não encontrei o registro visual de tal acontecimento vocês terão que se contentar com minha torpe narrativa.
Um belo dia, nosso amigo de todas as manhãs, palhaço Bozo, dá início a sua interação com seus pequenos telespectadores pelo telefone:
- Bom dia, amiguinho, de onde você fala? – pergunta o palhaço todo animado.
- Bozo, vai tomar no cu!
- Ah, de Baurú?
- VÁ TOMAR NO CÚ!
- Suco de caju? Prefiro suco de maracujá!
Desde então os telefonemas se tornaram frequentes nos diários pesadelos do pobre palhaço que, daí em diante, passou a sonhar com eles, crianças malevólas e desbocadas e imensos copos de suco de caju. Após o acontecido tiveram que substituir o ator que fazia o Bozo com certa frequência.
Mas, como disse antes, muitas vezes as pessoas fazem sem má intenção, é inerente ao ser humano tentar foder com a cara do apresentador. E tenho um causo que prova minha teoria.
Em uma rádio havia um programa, até um tanto comum, onde o radialista apresentava charadas aos ouvintes que ligavam tentando decifrá-las e assim ganhar um prêmio – geralmente uma merreca. E assim vendo o peixe como me venderam.
- Boa tarde, você ligou para a Rádio Paraná, FM 102,3 no seu dial. Como se chama o meu querido ouvinte?
- Aqui é o Carlos.
- De onde fala e quantos anos tem, Carlos?
- 32 anos, falo de Fazendinha.
- Um abraço a todos meus queridos ouvintes da Fazendinha. Muito bem, Carlos, pronto para a charada de hoje?
- Vamos lá!
- Olha, olha, hein? Se acertar vai ganhar um liquidificador Britânia de 3 velocidades. Vamos a pergunta de hoje. Qual o país, preste bem atenção, qual o país cujo o nome tem duas sílabas e se as separarmos, uma delas é de comer. Tempooooooooooo....
- CU-BA!
- ....
- CU-BA!
- ... errrr. Carlos, aqui na folhinha está escrito JÁ-PÃO. Mas você vai ganhar o prêmio pela criatividade.
É, quem sabe faz ao vivo.
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